domingo, 6 de dezembro de 2009

É VOCÊ

Não!! A resposta é não quando pensava em planejamento, em vontade, em coragem, em preparo, em querer.
Mas aconteceu. Aconteceu, e confesso que não foi fácil segurar a bronca. Não foi fácil encarar os benditos (ou malditos) padrões "impostos" pela sociedade e, muito mais do que isso, não foi fácil encarar a decepção, a frustração daquelas pessoas que haviam idealizado uma vida bastante diferente disso prá mim.
Hoje eu sei o quanto sou diferente, o quanto não me apego a essas "normalidades" e o quanto sou feliz por ser assim. Falo isso com um pesar porque certamente essas pessoas não o fazem por mal, mas infelizmente não são capazes de perceber o mal que fazem a mim.
E não!! Não me considero uma pessoa ingrata por assim pensar ou dizer, mas justa. Que hoje busca a verdade, que quer viver uma vida de verdade por mais duro que isso possa ser em alguns momentos.

Em meio a esses tumultos você chegou, me assustou e se tornou a minha maior verdade; algo que realmente eu não sei como definir, como explicar, mas que está diretamente vinculado a tudo o que eu tenho de melhor e de pior em mim.
Um menino lindo que me surpreende a cada dia, que por vezes me deixa muito puta com suas bobeiras, mas que transcende a tudo isso.

Hoje eu sei o quanto quero cuidar, o quanto te quero aqui e o quanto a vida fica vazia sem você. Sei também o quanto as suas dores me machucam e as suas alegrias me invadem, tomando um espaço maior do que as minhas próprias.
Faço tudo o que estiver ao meu alcance para te ver bem, para te ver feliz e te fazer acreditar que muito disso somente você que poderá buscar. Até para que eu não cometa os mesmos erros acima citados, e te dê espaço para buscar a sua própria verdade.


Ontem foi um dia super especial: dia em que você se formou no "Prezinho". Como eu chorei, meu Deus!! Como é bom fazer isso na frente de sei lá eu quantas pessoas sem a menor vergonha porque na verdade nem parecia existir mais alguém ali.
Foi um momento de repensar muitas coisas que já acontenceram desde que você chegou e perceber que, apesar de tudo, você está seguindo... nós estamos seguindo. E que juntos podemos ir muito mais longe, ou não, mas o fato é que estaremos sempre juntos na construção do seu supermercado e de tantos outros sonhos.

Hoje é seu "nevesálio" de 6 aninhos!! E eu espero que tenha gostado da sua festinha, que tenha se divertido um tantão bem grande com seus amigos. Muitos amiguinhos vieram dessa vez. E que você conquiste cada vez mais estes bons companheiros...
Espero que o seu pedido se realize, mas espero mais ainda que você tenha sempre muita, muita, muita e muita saúde.



"Na vida só resta seguir
Um risco, um passo, um gesto rio afora
É você
Só você
Que invadiu o centro do espelho...

...Na vida só resta seguir
Um risco, um passo, um gesto rio afora
Na vida só resta seguir
Um ritmo, um pacto e o resto rio afora"

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"É..." (da Lispector)


"...Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar..."

"...Estou desorganizada porque perdi o que não precisava? Nesta minha nova covardia - a covardia é o que de mais novo já me aconteceu, é a minha maior aventura, essa minha coverdia é um campo tão amplo que só a grande coragem me leva a aceitá-la - na minha nova covardia, que é como acordar de manhã na casa de um estrangeiro, não sei se terei coragem de simplesmente ir. É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo. Até agora achar-me era ter uma idéia de pessoa e nela me engastar: nessa pessoa organizada eu me encarnava, e nem mesmo sentia o grande esforço de construção que era viver. A idéia que eu fazia de minha pessoa vinha de minha terceira perna, daquela que me plantava no chão. Mas e agora? Estarei mais livre?..."