domingo, 25 de abril de 2010

TEMPO DE PAZ

"Já não tenho tempo para mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que apesar da idade cronológica, são imaturas.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos; minha alma tem pressa pela essência.
Quero viver ao lado de gente humana; gente que sabe rir de tropeços, mas que com eles aprende e amadurece...que não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade e que defende a dignidade dos marginalizados.
Quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. E quero desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, pois este nunca será perda de tempo.
O essencial faz a vida valer a pena e prá mim, de fato basta o essencial."

sábado, 6 de março de 2010

todo o resto...(Martha Medeiros)

"Existe o certo, o errado e todo o resto".

Certo e errado são convenções que se confirmam com meia dúzia de atitudes. Certo é ser gentil, respeitar os mais velhos, dormir oito horas por dia, lembrar dos aniversários, trabalhar, estudar, casar, ter filhos. Certo é morrer bem velho e com o dever comprido. Errado é dar calote, beber demais, fumar, se drogar, não planejar um futuro decente, dar saltos sem rede.
Todos teoricamente de acordo, porém a vida não é feita de teorias. E o resto? E tudo aquilo que a gente mal consegue verbalizar, de tão intenso? Desejos, impulsos, fantasias, emoções.
Meia dúzia de normas pré-estabelecidas não dão conta do recado. Impossível enquadrar o que lateja, o que arde, o que grita dentro de nós.
Somos tão maduros e ao mesmo tempo tão infantis; por trás de nosso autocontrole há um desespero infernal. Possuímos uma criatividade insuspeita: inventamos músicas, amores e problemas e somos curiosos. Queremos espiar pelos buracos das fechaduras do mundo para descobrir o que não nos contaram. Todo o resto...
O amor é certo, o ódio é errado e o resto é uma montanha de outros sentimentos; uma solidão gigantesca, muita confusão, desassossego, saudades cortantes, necessidade de afeto e urgências sexuais que não se adaptam às regras do bom comportamento. Há bilhetes guardados no fundo das gavetas que contariam outra versão da nossa história caso viessem a público.
Todo o resto é o que nos assombra: as escolhas não feitas, os beijos não dados, as decisões não tomadas, os mandamentos não obedecidos ou obedecidos demais.
Há o certo, o errado e aquilo que nos dá medo, que nos atrai, que nos sufoca e que nos entorpece.
O certo é ser magro, bonito, rico e educado; o errado é ser gordo, feio, pobre e analfabeto. E o resto nada tem a ver com esses reducionismos: é nossa fome por idéias novas, é nosso rosto que se tranforma com o tempo; são nossas cicatrizes de estimação, nossos erros e desilusões.
Todo o resto é muito mais vasto. É nossa "porra-louquice", nossa ausência de certezas, nossos silêncios inquisidores, a pureza e a inocência que se mantém vivas dentro de nós, mas que ninguém percebe só porque crescemos.
A maturidade é um álibi frágil. Seguimos com uma alma de criança que finger saber direitinho tudo o que deve ser feito, mas que no fundo entende muito pouco sobre as engrenagens do mundo.
Todo o resto é tudo que ninguém aplaude e ninguém vaia, porque ninguém vê.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

...E AGORA SOU EU

Uhuuuu...ontem foi a minha vez de ficar mais velha. E como meu pequeno já (bem) dizia, quanto mais velhas, mais chatas as pessoas ficam.
Acho que ainda estou longe de ser aquela pessoa legal dos meus sonhos, mas estou vivendo melhor a cada dia que passa. Embora com tantos problemas estou leve, feliz e finalmente compreendendo que dependo destes problemas para continuar vivendo.
Fico aqui pensando e tenho certeza de que a minha vida sem eles não faria o menor sentido.
Se isso é loucura? Não sei. E sinceramente não faz a menor diferença.
...aqui existe alguém que está vivendo um turbilhão de coisas; que está a procura de trabalho, de um grupo com quem se identifique, a procura de respostas e sobretudo de muito amor.
Esse amor não custa dinheiro, mas custa tempo. Para tal há que se ter disposição de todas as partes envolvidas!
...disposição para acreditar que podemos ser diferentes e fazermos as coisas acontecerem de uma maneira diferente.
Não quero mais competir com vícios, não quero mais ser a "filha santa", não quero mais esconder meus sentimentos e não quero mais ser julgada por fazer escolhas que só cabem a mim.
E talvez só eu saiba o quanto valem essas minhas escolhas...simplesmente porque quem está ao meu lado não tem olhos prá mim ou nem sempre está dispónível (no tom mais ameno e doce que esta palavra possa ser dita) nos momentos em que preciso.
Eu já disse algumas vezes que também preciso de colo, também preciso de carinho e também preciso ser cuidada. Ando precisando muito mais de um amor afetivo (literal: que demonstre afeto) do que de um amor efetivo.
E sim! Fiquei "chateada que só" por não ter recebido um sorriso (que seja) daqueles que sempre esperam muito mais de mim. E de não ter sido ouvida quando pedi algo mais simples do que ganhar uma singela flor.
O meu pedido é que eu consiga esperar menos dos outros. E estar de coração aberto na hora em que esses mesmos precisarem.